Lia Tatiana dos Santos Vieira
OAB/SC 19.811
Há muito tempo a sociedade vem sendo alertada sobre a saúde financeiras dos planos de saúde, porém, o que se denota é uma indiferença ao assunto tão relevante, já que falamos de um mercado que afeta 50 milhões de brasileiros, atualmente, beneficiários de planos médico-hospitalares.
Os valores assustam, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, o prejuízo acumulado no ano de 2022 foi de 11 bilhões, o maior registrado em duas décadas alçando a fatia de 43% das operadoras fechando as contas no vermelho.
Mas, a pergunta que fazemos é, qual o motivo de tamanho prejuízo na saúde suplementar, se as mensalidades em média, possuem um valor não acessível há muitos brasileiros?
A resposta não é tão simples, segundo o atual presidente da ANS, Paulo Roberto Rebello, apesar do crescimento constante na base de beneficiários e, as despesas assistenciais não apresentarem crescimento que possa justificar o aumento da sinistralidade, as receitas advindas das mensalidades parecem estar estagnadas, especialmente nas grandes operadoras de saúde.
E é a mensalidade o enfoque para esta questão, pois, o menor poder aquisitivo do brasileiro reflete diretamente na busca por contratos mais baratos. A base de beneficiários aumentou, porém, o valor médico dos planos caiu, há quem diga que houve uma subprecificação por parte das operadoras na intenção de aumentar a base de clientes.
Com a palavra as operadoras de saúde, que dizem que não foi possível repassar os aumentos de custos para as empresas, principais contratantes de planos de saúde do país, com cerca de 80% do mercado e, lembram que a média dos reajustes coletivos ficou em 11%, menor que os planos individuais com a média de 15% e, reajustes assombram os beneficiários, pois, conceitualmente sinistralidade representa qual o percentual das mensalidades pagas pelos consumidores usado para custear a assistência médica.
Enfim, para alguns especialistas o prejuízo estrondoso das operadoras ainda é reflexo do momento extraordinário da pandemia da qual passamos, para outros, como para a diretoria da FenaSaúde, é a liberação de terapias sem limites e a incorporação de novas e caras tecnologias. Entendemos que em tal lista podemos tranquilamente incluir, judicialização excessiva na qual se inclui custos com medicamentos milionários e, o aumento significado de fraudes, cada vez mais profissionalizadas, dentre outros diversos fatores.
O fato é que, a reinvenção dos planos de saúde se faz necessária pela própria evolução natural da sociedade e do avanço da medicina, porém, inegável que a conscientização dos beneficiários no uso consciente do plano de saúde e o investimento em sua própria saúde, ainda são receitas simples, mas, que impactariam diretamente nos lamentáveis números apresentados e no futuro dos planos de saúde.
Fonte: https://oglobo.globo.com/economia/negocios/noticia/2023/04/planos-de-saude-tem-maior-prejuizo-operacional-ja-registrado-de-r-115-bi.ghtml?utm_source=globo.com&utm_medium=oglobo